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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Algumas Dicas de "Contação de Histórias":

1- "Boca Do Céu:  Encontro Internacional De Contadores de Histórias"
http://www.bocadoceu.com.br/index_home.html

2- Ilan Brenman
http://www.ilan.com.br/104/home/

3- Clara Haddad
http://www.clarahaddad.com/

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pedro Malasartes Conta Histórias

“PEDRO MALASARTES CONTA HISTÓRIAS”

Em 2015, promova um encontro de seus alunos com um 
Contador De Histórias.




Desperte em seus alunos, o gosto pela leitura através da apresentação dos vários Gêneros Literários:
-Contos Diversos (Contos Folclóricos, Contos De Fadas, Contos de Escritores Nacionais e Estrangeiros);
-Crônicas;
-Fábulas;
-Poesias.




*Almeida Junior - “Caipira picando fumo”   1893
Óleo sobre tela Pinacoteca do Estado de São Paulo


Contatos pelo e-mail:  pedrocontadordehistorias@gmail.com


Acesse o blog:  http://pedrocontadordehistorias.blogspot.com

terça-feira, 18 de junho de 2013

Maria Angula, ou A Janta Macabra

Cayambe (Equador)   
Releitura

    Há muito tempo atrás vivia na bela cidade de Cayambe, Equador, uma garota chamada Maria Angula.

    A garota havia perdido a mãe muito cedo e seu pai, carinhoso e protetor, cercou-a de todos os cuidados e mimos que pudessem atenuar a falta materna. No entanto, apesar da educação e cuidados do pai, Maria Angula era muito mentirosa e fofoqueira de modo que estava sempre envolvida em brigas, confusões, encrencas, devido às fofocas feitas e mentiras criadas, incessantemente.

    Sua enorme preguiça também a impedia de aprender a fazer os serviços da casa. A filha do rico fazendeiro de Cayambe, era incapaz de acender um fogão a lenha, a única forma de cozinhar os alimentos naquela época, fritar ovos, arrumar a casa. Mimada como era, suas preocupações resumiam-se a passear todo o tempo, saber das “novidades” e ocupar-se da vida alheia, seu passatempo predileto.

    Na escola, era uma menina muito “esperta”, quando o assunto era acusar os colegas de classe, causar intrigas jogando uns contra os outros, denunciar seus feitos errados às professoras. Parecia até que seu maior prazer era ver o “circo pegar fogo”.

    O tempo passou e Maria Angula foi perdendo os poucos amigos que dela se aproximavam, afinal quem aguentava conviver com uma pessoa, cuja principal atividade era fazer o mau?

    Em sua mocidade Maria Angula não arranjava namorados, apesar da beleza inigualável. Os rapazes fugiam da moça como um raio, pois sua fama de fofoqueira, mentirosa e encrenqueira era muito conhecida. Pior do que tudo isto era sua enorme falta de educação. A moça era incapaz de agradecer qualquer favor que lhe fosse feito, e nas poucas vezes em que era educada certamente o fazia mais por interesses do que por bons hábitos.
As meninas de sua idade, agora também moças, foram conhecendo seus “príncipes encantados” e casaram-se uma a uma, oque aumentava a sensação de solidão em Maria Angula, pois era louca para arranjar um namorado.

    Certo dia, numa festa de Cayambe, aproximou-se de Maria Angula o jovem Tonho, que morava numa cidade vizinha. O rapaz apaixonou-se à primeira vista e Maria não perdeu a oportunidade de “laçar” o pobre moço, que desconhecia as “qualidades” da mocinha.
Os dois começaram a namorar e dois meses depois já estavam se casando:
“- Vou dar um festão para calar a boca de toda essa gente que fica maldando minha filha.” - dizia o velho pai de Maria. E assim esforços não foram poupados para promover a “-Maior festa já vista em Cayambe”- repetia seu pai. De fato, a cidade jamais vira festa tão grande e farta. Além da festa de casamento o pai de Maria deu-lhe uma casa. Afinal a oportunidade de casar a filha, que até dois meses antes parecia que ficaria solteira, não poderia ser perdida. Além disso Tonho parecia ser bom moço, trabalhador, podendo ser aproveitado nas suas fazendas, pensava o velho.

    Mas os problemas de Maria Angula começariam a partir da volta da lua de mel. Tonho saia para trabalhar com o dia ainda escuro e só voltava no início da noite. Moço trabalhador como era e grato pela oportunidade que o sogro lhe dera, faria de tudo para merecer a confiança que lhe fora depositada.

    Quanto a Maria... Nunca saia da cama antes das onze horas da manhã. Para seu desespero, Tonho fazia questão de acordá-la, antes de sair para o trabalho cobrindo-a de beijos e mais beijos. Apesar do sono, os carinhos de Tonho compensavam o sacrifício. Porém, no dia em que Tonho pediu a Maria que lhe fizesse uma comidinha especial (pois Maria vivia dizendo que era excelente cozinheira), ela quase caiu da cama:
“- Cozinhar Tonho?” disse Maria
“-Sim meu amor. Estou louco para provar sua comidinha. Que tal me preparar um pratinho simples: Arroz, feijão, um bifinho e batatas?” disse Tonho.
“- Claro, claro Tonho. Vou fazer para o jantar.” disse Maria pouco convicta.
“-Esta bem Maria. Então até a noite meu bem.” disse Tonho e saiu.
Maria entrou em pânico pois sabia ser incapaz de acender um fogão; assim mesmo tentou. Quase queimou os dedos, mal conseguindo esquentar a água e quase põe fogo na casa.
“-E agora? Como vou fazer tudo isso de comida que o Tonho pediu? Mania de falar demais. Acabei me dando mal!”

    Maria Angula pensava numa solução quando lembrou-se da boa e velha Dona Mercedes, cozinheira de mão cheia que era sua vizinha.
“-Já sei, Dona Mercedes vai me ajudar. Vou até lá e peço a receita de como fazer as comidas que o Tonho quer. Aquela boba me ensina e eu passo por boa cozinheira. Eu sou um gênio.”
Maria foi até a casa da vizinha, bateu palmas e a vizinha atendeu:
“- Oi Maria minha filha. Tudo bem com você menina?”
“- Sim, sim Dona Mercedes. Esta tudo bem. Eu só preciso de um favor da senhora.”
“- Claro minha filha. Pode pedir.”
“- Dona Mercedinha querida, o Tonho pediu que eu fizesse um arroz com feijão, bife e batatas. Mas eu não sei nem acender o fogo. A senhora precisa me ajudar! Disse Maria quase em desespero. Dona Mercedes riu do desespero da menina e calmamente disse:
“-Essas moças de hoje não sabem fazer nada mesmo. Calma minha filha, essa comida que você precisa fazer é bem simples e fácil. Deixa que eu te ajudo e ensino.” Dona Mercedes ensinou direitinho como fazer os pratos pedidos por Tonho. Ensinou segredos, passou dicas de cozinha e tudo o mais. Terminada a “aula culinária”, Maria apenas disse: “-Mas é só isso? Isso eu já sabia. Se eu soubesse que a senhora ia ensinar uma comida que eu já sei fazer, nem perdia meu tempo para vir aqui. Passe bem!” E ao dizer isto Maria Angula saia na maior imponência da casa da boa vizinha. Correu para casa e preparou o prato pedido por Tonho. Tudo ficou ótimo. Parecia que Maria tinha nascido para cozinhar.

    No dia seguinte Tonho pede nova iguaria: “-Maria meu amor, você prepara uma sopa de lentilhas para hoje? Esta um friozinho e uma sopa cai bem.
“-Claro Tonho. Vai trabalhar tranquilo. Quando você voltar sua sopa estará pronta para o jantar.” Assim que Tonho saiu para o trabalho na fazenda do sogro, Maria correu para a casa de Dona Mercedes e novamente se fez de educada quando pediu a receita da sopa: “-Dona Mercedes minha querida tudo bem?”
“-Tudo minha filha, e você esta boa? Deu certo a receita de ontem?”
Maria mal respondeu a pergunta de Dona Mercedes e já “atacou” no novo pedido: “- Deu, deu, Dona Mercedes! Mas agora eu tenho pressa e preciso saber como se faz uma sopa de ervilhas!”
“-Calma filha, esta é muito simples de fazer.” E assim falando, Dona Mercedes ensinou como era feita a sopa de ervilhas.
Novamente Maria Angula, não apenas deixou de agradecer pela ajuda na receita fornecida, como mal educadamente disse: “-É só isso? Mas isso eu já sabia. Se eu soubesse que vinha aqui para ouvir uma receita que eu já conhecia, não teria perdido meu tempo. Passe bem Dona Mercedes.”
A mulher ficou sem saber oque falar, mas como gostava da menina e sabia de sua história como órfã de mãe, atribuía tais atitudes a falta de cuidados maternos. “-Coisa de menina, que logo passa.” - dizia ela.
Maria correu para casa e preparou a sopa pedida por Tonho, que ficou uma delícia.

    Dessa forma, todos os dias, Maria Angula passou a “visitar” a casa de Dona Mercedes a fim de saber como fazer as receitas dos pratos pedidos por Tonho. E como sempre, ao sair, não agradecia nada e ainda fazia desfeitas à boa mulher.

    Numa dessas ocasiões, a boa vizinha, cansada de ouvir os desaforos de Maria Angula resolveu que estava na hora de dar-lhe uma boa lição: “-Esta na hora desta menina aprender alguns bons modos. Chega de ouvir seus desaforos. Minha paciência tem limite chegou ao fim! Quando Maria Angula vier com aquela conversinha ela vai ver !”
No dia seguinte Tonho inventou de comer feijão branco com dobradinha de boi, uma carne preparada com o estômago, o bucho,  do boi. Quando bem preparada fica uma delícia, mas quando não...
“- Dona Mercedes, a senhora me ensina como preparar um feijão branco com dobradinha de boi?”
“-Claro minha filha. Essa é a comida mais gostosa que existe e muito fácil de preparar.  Mas ao invés de usar o bucho do boi, vou te ensinar um segredo de como utilizar outro tipo de bucho. Você verá como ficará muito melhor. Primeiro você pega um facão bem grande. Depois vai até um cemitério e espera chegar o defunto mais fresquinho. Corta a barriga dele e arranca o bucho. Leve o bucho para casa e cozinhe no limão e vinagre. Por fim acrescente o feijão branco, bem temperadinho, e deixe cozinhar. Você vai ver que não há no mundo, comida mais gostosa do que esta.”
“-Mas é só isso? Isso eu já sabia Dona Mercedes. A senhora precisa melhorar seu repertório de receitas. Não conhece novidades? Passe muito bem.” E saiu pisando duro como sempre, só para manter a pose.
“-Já sabia é? Mal educada. Você vai ver a surpresa que te espera.” Pensou Dona Mercedes ao ver a menina sair.
Maria foi até sua casa, pegou o facão e dirigiu-se para o cemitério. Lá ficou escondida até a chegada do último defunto do dia. Após o enterro, desenterrou o defunto. Suas mãos tremiam. Procurou acalmar-se. Quando pode, abriu a tampa do caixão e ao olhar o defunto um frio percorreu-lhe o corpo. Mais tremedeira e nova tentativa de acalmar-se. Quando parou de tremer cortou a barriga do morto e levou seu estômago e  tripas para casa.
Em casa cozinhou tudo como Dona Mercedes tinha ensinado e quando Tonho chegou a janta macabra estava pronta. Jantaram como nunca. Aliás, quem jantou foi apenas Tonho. Maria alegando estar enjoada e sem apetite nem tocou na “comida”.

    Os dois foram dormir. Alta madrugada e Maria acordou com barulhos vindos da porta da sala. Tentou acordar Tonho, que dormia solto em ronco profundo: “-Tonho, Tonho acorda homem. Tem gente na sala!”
Tonho nem sinal de acordar. Maria passou a ouvir passos que vinham da sala, na direção da porta do quarto. Uma estranha luz verde aumentava pela fresta abaixo da porta. Maria começava a ficar apavorada.
De repente ela ouve as batidas que são dadas na porta e uma voz cavernosa que diz:
“-Maria Angula devolva ao meu estômago e as tripas que você tomou da sepultura! Maria Angula, eu quero as minhas tripas! Você tem que devolvê-las!”
A partir dai não havia mais dúvidas: A janta macabra preparada por Maria teria sérias complicações, pois o dono da “comida” tinha vindo buscá-la.
Maria encobriu-se debaixo das cobertas, tremendo de medo e as batidas na porta continuaram seguidas da voz que gritava: “- Minhas tripas Maria, eu quero as minhas tripas!” "Devolve o meu estômago Maria!"

    Subitamente um estrondo se ouviu e a porta abriu. Pavorosamente se via a imagem do morto que ela havia cortado. Em pé, com um enorme buraco na barriga por onde escorria um líquido escuro e repugnante, o morto gritava enfurecido: “Maria Angula devolva as minhas tripas e meu  estômago, que você tomou da sepultura! As minhas tripas Maria, eu quero as minhas tripas!” Aquilo que havia sido um homem um dia, avançava para Maria que não tinha forças nem para desmaiar. A pior visão de um filme de zumbis, não se iguaria ao que Maria presenciava.

    Muito mais do que o desespero tomava conta de Maria: Agora era a certeza de seu destino irrevogável, manifesto na presença sinistra diante dela: Seu fim, ou oque se aproximasse disso era inevitável.

    A criatura se aproximou de Maria, repetindo os gritos que clamavam “seus pertences corporais”, mas ela estava paralisada, sem forças para gritar. Tonho dormia, indiferente ao que se passava em seu quarto.

    Maria sentiu as mãos frias tocarem-lhe a perna esquerda, por onde foi puxada e arrancada da cama, arrastada pelo chão e levada para fora da casa. Deste dia em diante, nunca mais soube-se do paradeiro de Maria.

    No dia seguinte, ao acordar e ver a cama vazia, Tonho procurou pela esposa por toda a parte. Nem sinal dela. Mais tarde o coveiro do cemitério contou que tinha visto Maria no dia anterior, mexendo numa sepultura recente. Quando foram verificá-la, constataram espantados que estava vazia. Mais tarde Dona Mercedes arrependida, contou sobre a receita que havia ensinado à menina,  e a partir dai deduziram-se os fatos aqui contados.
O único sinal da presença de Maria, ainda que não confirmado, se deu por algumas pessoas  que asseguravam ouvir nas noites de céu fechado e muita chuva, a voz de uma mulher que gritava desesperada, enquanto uma voz sepulcral gritava: “- Minhas tripas, minhas tripas!”

Silêncio.

    Maria acorda assustada, suada e aos gritos de terror. 
    Esta em sua cama.
  A noite esta quente e abafada. Ela vai até a janela e abre-a para que o quarto fique ventilado. Olha para o lado, vê Tonho dormir tranquilamente.
    Finalmente entende que tudo não passara de um pesadelo, motivado pela comida pesada e mal preparada da noite anterior.
    Ela começa a lembrar-se de tudo que lhe acontecera no dia passado: Desde a manhã que ela estava atrapalhada e enrolada com a preparação da dobradinha com feijão branco. Dona Mercedes, conforme prometera, no dia anterior resolvera se vingar e de fato o fez: Saiu para viajar, de modo que Maria não teria a quem procurar quando viesse com aquela conversa de pedir a receita de seus pratos. “-Não havia vingança melhor do que aquela: Fazer Maria ter de trabalhar sozinha na preparação de suas comidas. Ela não vivia dizendo que tudo sabia fazer? Pois que se virasse sozinha aquela menina mal educada.”
    Quando foi à casa da boa vizinha, Maria percebeu tudo fechado e entendeu que teria de cozinhar a dobradinha com feijão branco por conta própria. Dirigiu-se ao mercado e comprou a dobradinha de boi. Quando voltava para casa cruzou com a passagem de um enterro, ficando muito impressionada, pois nunca havia ido a um funeral. Supersticiosa como era, tinha um medo infundado de mortos.

    Já em casa preparou a comida, mas esta ficou tão ruim, tão ruim que só foi possível comê-la devido a fome que era grande.
Mais tarde quando foram dormir, Maria lembrou-se de que Tonho reclamara de estar com o estômago pesado. Depois levantou passando mal e o sono dos dois tinha sido conturbado. Nestas circunstâncias era natural que pesadelos assombrassem Maria. E assim ela constatou que todo o “acontecido”, o cemitério, as tripas e estômago cortados, o morto andante, tudo  fora um sonho, um pesadelo devido a comida mal feita, um prato pesado para o consumo noturno e o agravamento pela noite abafada e mal dormida.
Ufa!

    Mas toda esta história servira para Maria perceber o quanto era mal educada e vinha mal tratando sua vizinha. Maria, tomada de arrependimento, decidiu que a primeira coisa que faria seria procurar Dona Mercedes, tão logo chegasse de viagem a fim de pedir perdão por seu comportamento tão estúpido com a boa vizinha.

    Quando Dona Mercedes voltou, Maria procurou-a e pediu perdão por todo tempo em que tratou-a tão mal:
“-A senhora me perdoa Dona Mercedes? Eu fui uma burra, estúpida todo este tempo em que vivi fazendo fofocas e tratando a senhora e outras pessoas tão mal.” Me perdoa Dona Mercedes. Me perdoa.” Falava Maria aos prantos de arrependimento.
“-Claro que te perdoo menina. Fica em paz minha filha. Você esta perdoada.” E falando isso a boa mulher abraçou à Maria como ela nunca tinha sido abraçada antes, em toda sua vida.
A partir desta data as duas tornaram-se muito boas amigas. Dona Mercedes auxiliava a menina em todas as suas dúvidas fossem culinárias, domésticas, sentimentais. Enfim auxiliava a moça como uma boa amiga que era. E a menina Maria Angula era outra pessoa, deixando de vez os péssimos hábitos cultivados ao longo de sua vida. Chegando a tornar-se uma das mais queridas moradoras de Cayambe, atuando junto aos mais desfavorecidos.
Até Tonho sentiu diferença na mulher, que tornou-se mais carinhosa. Ambos não se desgrudavam mais, apaixonados que estavam um pelo outro.
F I M 
Releitura da lenda: Maria Angula

E.T. O autor desta releitura não acredita na possibilidade de mortos saírem andando pelas ruas, sequestrando vivos. 
Admite, sim,  a possibilidade de pesadelos terríveis motivados pelo subconsciente, mas nunca mortos "zumbis", como na lenda acima. O fundamento para a impossibilidade de tais atos esta na Bíblia. No texto bíblico de  Lucas, abaixo, é possível ler a base desta afirmação:
Lucas 16: 19 a 31

"Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias.

Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas;
este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas.
"Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado.
No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado.
Então, chamou-o: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo’.
"Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento.
E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem’.
"Ele respondeu: ‘Então eu lhe suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai,
pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento’.
"Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’.
" ‘Não, pai Abraão’, disse ele, ‘mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam’.
"Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos’ ".