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quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Águia e o Imperador

“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.”
Tiago 1:19

     Conta a lenda que certa manhã o Imperador Mongol Gengis Khan e sua corte saíram para caçar. Enquanto seus companheiros levavam flechas e arcos, Gengis Khan carregava sua águia favorita no braço, que era melhor e mais precisa que qualquer flecha, pois podia subir aos céus e ver tudo aquilo que o ser humano não conseguia ver.

     Entretanto, apesar de todo o entusiasmo do grupo, não conseguiram encontrar nada.

     Decepcionado, Gengis Khan voltou para seu acampamento. Mas, para não descarregar sua frustração em seus companheiros, separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.

     Tinham permanecido na floresta mais tempo que o esperado e Gengis Khan estava cansado e com sede. Por causa do calor do verão, os riachos estavam secos. Não conseguia encontrar nada para beber até que, enfim
, avistou um fio de água descendo de um rochedo à sua frente.

     Na mesma hora, retirou a águia do seu braço, pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava consigo, demorou um longo tempo para enchê-lo e, quando estava prestes a levá-lo aos lábios, a águia levantou vôo e arrancou o copo de suas mãos, atirando-o longe.

     Gengis Khan ficou furioso, mas era seu animal favorito, e talvez estivesse também com sede. Apanhou o cálice, limpou a poeira e tornou a enchê-lo. Após outro tanto de tempo, com a sede apertando cada vez mais e com o cálice já pela metade, a águia de novo atacou-o, derramando o líquido.

     Gengis Khan adorava seu animal, mas sabia que não podia deixar-se desrespeitar em nenhuma circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de domar uma simples ave.

     Desta vez, tirou a espada da cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo. Manteve um olho na fonte e outro na águia. Assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber, a águia de novo levantou vôo e veio em sua direção. Gengis Khan, em um golpe certeiro, atravessou o peito da águia, ferindo-a mortalmente.

     Retomou o trabalho de encher o cálice. Mas o fio de água havia secado.
Decidido a beber de qualquer maneira, subiu o rochedo em busca da fonte. Para sua surpresa, havia realmente uma poça de água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da região.

     Se tivesse bebido a água, já não estaria mais no mundo dos vivos.

     Com os olhos cheios de lágrimas, o imperador desceu da rocha a tempo de ver sua águia dar os últimos suspiros de vida. Pegou sua ave cuidadosamente e levou-a para seu palácio enterrando-a nos Jardins Imperiais.Ele tirou uma conclusão de todo esse acontecimento: sempre que sentisse raiva novamente, a primeira coisa a fazer seria parar. Depois pensar e finalmente, agir.

Fontes pesquisadas:
2 – “As Narrativas Preferidas De Um Contador De Histórias”  /  Ilan Brenman  / Ed. DCL
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