Pedro Malasartes, um caipira danado de
esperto, estava morto de fome e sem dinheiro algum. Precisava arranjar alguma
ocupação que lhe desse o dinheiro suficiente para conseguir comprar comida.
Cansado de perambular em Porrete
Armado, o nome do lugarejo em que se encontrava, decidiu parar e descansar na
porta de um pequeno armazém de secos e molhados; desses encontrados no interior
e onde é possível comprar de tudo que se pode imaginar.
Pegou sua viola e começou a cantar uma
moda, na esperança de que alguém lhe desse alguns trocados. Mas além de nada
conseguir, os fregueses que bebiam no balcão quase o expulsaram por “incomodar”
sua conversa. Eles conversavam sobre uma senhora, Dona Agromelsilda, moradora
da região e que era conhecida por sua excessiva avareza.
A conversa caminhava assim:
-
Gente, vocês não imaginam como é “unha de fome” aquela Dona Agromelsilda, que
mora para os lados do estradão da Grota Funda!
Disse o dono do armazém.
Disse o dono do armazém.
-
Unha de fome é pouco! Aquela velha é capaz de não comer banana só pra não ter
que jogar a casca fora. Completou o segundo, um dos fregueses que bebiam na
venda.
Um terceiro freguês afirmou:
-Aquela velha é tão “pão
dura” que nem comida para os coitados dos cachorros ela dá. Os bichinhos estão
todos passando fome. Magros, magros de dar dó. Acho até que o estômago deles já
encostou nas costelas.
-Está
para nascer o homem que conseguira tirar alguma coisa daquela velha. Duvido que
alguém consiga esta proeza.
-Nunca
vi coisa assim nesses anos que moro aqui em Porrete Armado. E olha que eu já vi
coisas com esses olhos que a terra há de comer. Terminou o dono do armazém.
Pedro decidiu que era hora de agir, se
quisesse comer e ganhar algum dinheiro. Era hora também, de dar uma lição naquela
velha que o tratara mal da outra vez em que passara por Porrete Armado. Dona
Agromelsilda era conhecida pelos seus péssimos modos com as pessoas e acima de
tudo por ser muquirana até o último fio de cabelo. Pedro disse:
-Eu
aposto oque vocês quiserem como pra mim a velha vai dar alguma coisa de bom grado.
E mais ainda: Ela mesma é quem vem aqui contar que me encheu de presentes.
-Você
esta ficando doido Pedro Malasartes? Aquela velha, além de não dar nada para
ninguém, também anda armada com uma baita de uma espingarda. Disse o dono do armazém.
-Não
se preocupe com isso que é problema meu e eu sei como resolver; disse o Pedro. –Mas,
se vocês duvidam do que eu disse, porque não apostam comigo, como ela vai me
encher de presentes e vem aqui contar para vocês?
O dono do armazém, rindo muito,
respondeu:
-Se
você conseguir esta proeza, com a velha lhe dando presentes e vindo aqui contar
para nós, te dou todo o dinheiro que eu ganhar numa semana de trabalho.
Os outros dois fregueses, animados com
a aposta “jogaram lenha na fogueira” e provocando Pedro Malasartes disseram:
-Nós
dois também apostamos nossos ganhos da semana. Temos certeza de que a velha nem
vai querer conversa com você. Muito menos te dar algo. Mas se conseguir ganhar
e fazer com que ela venha nos contar, você ganha o dinheiro que nós conseguirmos
nesta semana.
Uma dúvida, porém, surgiu e o dono do
armazém, o mais malandro dos três queria saber:
-Seu
Pedro Malasartes, você ganhara nosso dinheiro de uma semana de serviço se
conseguir que a velha lhe dê presentes e venha nos contar aqui no armazém, mas
se você não conseguir oque nós três ganharemos? Pelo que sabemos você não tem
nenhum dinheiro. Vai apostar oque?
Pedro muito convicto e com certeza da vitória,
respondeu:
-Eu
trabalharei de graça para vocês três. Uma semana na fazenda de um, outra semana
na fazenda de outro e por fim uma semana em seu armazém. Combinado?
-Combinado.
Responderam os três.
Pedro tratou de arranjar um panelão
fundo, uma sacola, mais algumas coisinhas e partiu para a casa da velha a toda
velocidade. Para ganhar uma aposta o malandro não poupava esforços e nem tinha
preguiça.
Chegando perto da porteira da casa da velha, que morava numa
enorme fazenda, Pedro fez um bom fogo, encheu o panelão com a água do riacho, e
juntando muitas pedras do chão, jogou-as na água. Depois ficou de olho no
movimento da casa de Dona Agromelsilda.
Quando a velha abriu a janela do quarto e viu Pedro fazendo aquele
fogareiro, na frente de sua fazenda, pensou:
-Mas
oque será que aquele doido esta fazendo na entrada das minhas terras? Vou lá
ver.
Chegando ao local em que Pedro estava, perguntou muito irritada:
-Será que dá para o
senhor explicar oque esta pensando em fazer com todo este fogo na frente da
porteira de minha fazenda?
Pedro que estava de rabo de olho na velha, nem ligou para a
malcriação e respondeu todo educado:
-Boa tarde minha Vó?
Tudo bom com a senhora? Estou preparando uma deliciosa sopa de pedras.
-Sopa de pedras?
Respondeu a velha.
-Isso mesmo. Uma
deliciosa sopa de pedras, receita de minha finada mãe.
-E fica boa?
-Boa? Fica muito
boa!
A Velha, sovina como era, pensou em tirar proveito. Pois se a sopa
ficasse boa mesmo e com a quantidade de pedras que tinha em suas terras,
certamente não teria mais despesas com comida, pois comeria diversos pratos de
pedra, que ela criaria: Pedra assada, pedra frita, pedra cozida, pedra ralada,
pedra refogada, pedra ensopada, escondidinho de pedra, pedra, pedra, pedra...
Fingindo-se muito educada a velha pediu:
-Meu filho, quando
terminar você dá um pouco para eu experimentar?
-Claro minha Vó.
Assim, Pedro tratou de jogar mais lenha na fogueira e deixou as
pedras cozinharem.
Passada uma hora:
- O meu filho: Essa
sopa sai ou não sai?
-Claro que sai minha
Vó. Daqui a pouco esta prontinha. É que leva um tempo para cozinhar direitinho
as pedras. Mas se a senhora tivesse uns legumes para colocar na sopa ela ficava
melhor ainda. Umas cenouras, umas batatas, umas mandioquinhas, umas abobrinhas,
umas beterrabas...
A velha faminta como estava, nem pensou
duas vezes e disse:
-Eu
tenho estes legumes todos na horta de casa. Espere um pouco, que eu já volto. E
tratou de entrar em casa para colher os legumes pedidos pelo Pedro.
Pedro pensou:
-Ela
caiu direitinho.
Minutos depois lá estava a velha:
-Pronto
meu filho. Este tanto dá?
-Dá
minha Vó.
Pedro, recolheu os legumes que a velha
trouxe. Colocou metade de tudo em sua sacola e a outra metade na sopa.
Passada mais uma hora, a velha com mais
fome, perguntou:
-Mas
meu filho, esta sopa sai ou não sai?
-Tá
saindo minha Vó. Tá saindo. Mas a sopa ficaria tão boa se tivesse uma linguiça
defumada, um paio e uma carninha seca para colocar.
A velha ansiosa disse:
-Eu
tenho tudo isso em casa. Vou lá buscar. E tratou de buscar tudo que foi pedido.
Quando voltou entregou ao Pedro que,
novamente, separou dois montes, colocando metade na sopa e outra metade em sua
sacola.
Mais uma hora e a velha já estava verde
de fome, quase desmaiando. Isso sem falar na fazenda que estava na maior
bagunça com as vacas sem ordenha, os bezerros sem leite, as galinhas sem os
ovos recolhidos.
A velha então perguntou:
-Menino!
Esta sopa não fica pronta nunca?
-Tá
quase minha Vó. Se a senhora tivesse uns temperos ficaria melhor ainda. Um
pouco de sal, pimenta do reino, alho, azeite, açafrão, coloral, cheiro verde,
cebolinha...
Lá foi a velha buscar os temperos
pedidos.
Quando voltou, tudo se repetiu: Metade
foi para a sopa e metade foi para a sacola do Pedro.
Depois de mais uma hora, com a velha
quase desmaiando:
-Meu
filho, se esta sopa não sair agora eu desmaio de fome!
-Tá
prontinha minha vó. A senhora tem uns pratos para poder servir?
A velha saiu como um raio para dentro
da casa e mais rápido ainda voltou com os pratos e colheres.
Pedro pegou o prato da velha e encheu
de pedras. Quanto ao seu prato, colocou as partes boas da sopa e poucas pedras.
Sentou num canto e quando foi comer uma colherada de pedras de seu prato, jogou
todas elas fora.
A velha que estava tentando mastigar as
pedras, quase quebrando os dentes, não acreditou no que viu o Pedro fazer.
Então perguntou:
-Meu
filho, você não vai comer as pedras não?
E Pedro, que já havia planejado isto
também, respondeu com a maior cara de pau:
-Comer
pedra minha Vó? Tá doida é? Se eu comer estas pedras todas vou acabar quebrando
os dentes.
Ao dizer isto pegou sua sacola, com as
coisas dadas pela velha, e saiu fugindo sem olhar para traz, pois ouvia os
berros indignados dela correndo atrás do malandro.
Quando chegou ao armazém, os três
amigos da aposta não acreditaram na história de Pedro. Só tiveram a confirmação
de tudo que o Pedro dissera, quando a velha chegou ao armazém contando que dera
para Pedro uma porção de coisas para fazer uma sopa de pedras, mas que era na
verdade uma sopa de legumes com os ingredientes que ela colheu de sua horta e
pertences de sua casa.
Assim que a velha saiu, Pedro cobrou a
aposta e tratou de se mandar.
Dizem que esta andando pelo mundo até
hoje, aprontando e dando golpes nos que tentam enganá-lo.
Fontes
pesquisadas:
“Contos
Tradicionais Do Brasil” (Folclore)
Luís
Da Câmara Cascudo
Editora: Global
“Contos
Populares Para Crianças Da América Latina”
Co-Edição
Latino-Americana
Editora:
Ática
Achei bem engraçado o que o Pedro Malasarte fez!
ResponderExcluirTu és retardada?
Excluirseila !
Excluirkkkkkkkkkkkk
ExcluirNossa TwT
Excluirqual o ilustrado da historia ?auto?
Excluiressa
Excluire linda
oi
ExcluirAdoro essa história, li pela primeira vez na 4ª série e hoje leio para minhas sobrinhas, realmente muito engraçado, as crianças adoram!!
ResponderExcluirfds
ExcluirMeu filho se chama Pedro, é tão arteiro quanto o malasarte, mi há avó lia todas as histórias do malasarte pra mim é agora leio pro meu filho Pedro.
ResponderExcluirele foi bem espedo
Excluirlegal
ExcluirMeu filho se chama Pedro, é tão arteiro quanto o malasarte, mi há avó lia todas as histórias do malasarte pra mim é agora leio pro meu filho Pedro.
ResponderExcluiressa historia de artimanha
ResponderExcluirO PT fez a mesma coisa com o Brasil(eu e vc) e nem cheiro da sopa nos sentimos. A velha pelo menos provou um pouco.
ResponderExcluirVerdade Eric. Kkk.
ExcluirBolsominion sempre enchendo o saco.
ExcluirAté aqui tem bolsominion, ngm merece! Supera o PT, meu anjo. Faz tempo que não estão mais no poder e.e
ExcluirOi
ExcluirEU FIZ O TEXTO QUE A ESCOLA PEDIU É MAL GRANDE KARAMBA
ResponderExcluirE DA ESCOLA HERCILIA DE CARLOPOLIS?
ExcluirEU FIZ O TEXTO QUE A ESCOLA PEDIU É MAL GRANDE KARAMBA
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHoje pesquisei essa história por nostalgia, mas lembro de um trecho, que deve ter sido adaptação da professora, onde diz que "a velha era tão mão de vaca que não dava nem bom dia".
ResponderExcluirTambém tive contato com essa história quando estava na quarta série. Nunca esqueci da astúcia do tal Malasarte.
ResponderExcluirE
ResponderExcluirOnde foi feito essa história?
ResponderExcluirhistoria boa de arrancar gargalhadas das pessoas, fiquei maravilhada e retrucada com tanta astúcia de pedro Malasartes, que haja mais pedros no mundo para ficar na cola dos avarentos. #ficaadica
ResponderExcluirGent por q o narrador finalizou a historia começando outra?
ExcluirKkkk adorei o fim tanbem
ResponderExcluir;) :/ :)
Kkkk
Kkkk amei o fim
ResponderExcluirestou no 6°ano e estou estudando sobre ele gosto do malasartes
ResponderExcluirMuito boa essa estória. Lembro-me de quando criança.
ResponderExcluirESSA HISTÓRIA ENSINA AS CRIANÇAS QUE É CORRETO MENTIR
ResponderExcluirNão
ExcluirOi
ResponderExcluirEstou no 7° ano e estou revisando uns contos de Malazartes... adorei! Engraçadona a história
ResponderExcluirQuem liga...
ExcluirAchei engraçado porem um alerta que o que vc nao quer agente nao deseja ao próximo mesmo a pessoa nao sendo do jeito que queriamos que ela fosse!
ResponderExcluirTop
ResponderExcluirMuito engraçado porém agente não faz isso na vida mais
ResponderExcluirInteressante
ResponderExcluirMuito show só que a não faz isso
ResponderExcluirOi
ResponderExcluirOi
ExcluirKkkk
ResponderExcluirMuito interessante nota 10
ResponderExcluirAdorei o fim 😁
ResponderExcluirEu achei muito interessante
ResponderExcluir